quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Esplim (Melancolia Existencial)








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Talvez sim,
O princípio esteja na existência,
Talvez na primeira impressão da aparência,
Ou na aparente impressão de princípios assim,
E nada exista!...
A fantasia e o olhar a florir entre flores de jardim,
As cores, cada perfume e a sua fantástica essência,
Os regatos de cristal e as fontes incríveis de marfim,
A sorte longínqua e lenta dos elefantes, pesada e ruim,
O vapor das lágrimas transparentes em evidência...
Talvez sim,
    E nada exista...
Tudo gire num bailado harmonioso de inocência,
E um ou outro sublime estado de abstrato esplim,
Talvez a razão do fim do mundo, afinal não exista,
    E só para todos nós e todas as coisas haja um fim!...


Talvez tudo que existe seja irreal,
Talvez a melancólica realidade não resista,
A esta melancolia existencial,
   E nada exista!...

   
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Vontade que Falta


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Está um normal tempo de danar,
Tempo de ver corações já frios gelar,
O frio já faz tremer a vontade da malta,
Ainda não é chegado o tempo de nevar,
O tempo é paciente e não se quer vingar,
     Mas vontade não lhe falta!...

Subiu na vida sem ter nada a perder,
Subiu ainda mais do que seria de prever,
Subiu até ao pico de sua vaidade mais alta,
Deixou de olhar por onde poderia descer,
Sabe que destronar Deus não pode ser,
         Mas vontade não lhe falta!...

É o melhor amigo do seu amigo,
Partilharia sua cama e daria abrigo,
Um amigalhaço, um inofensivo peralta,
Trás a sua silenciosa mulher sempre consigo,
Não cobiça mulheres alheias atrás do seu umbigo,
      Mas vontade não lhe falta!...

Chega a ser o melhor amigo do tempo invencível,
Escada da sorte que, por tanta sorte, o sobressalta,
Ser completude para além de si é impossível,
Não é homem à prepotência suscetível,
    Mas vontade não lhe falta!...

O coração frio continua de arrepiar,
Sobre nuvens, treme de frio a vaidade,
O quente olhar do sol continua a brilhar,
Olhos sabem que tanta luz pode cegar,
Podiam abrir-se à verdadeira saudade,
E acordar de alguma falsa humildade,
Bastava olhar abaixo para se salvar,
  Mas falta-lhe a vontade!...

    
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domingo, 18 de janeiro de 2015

Deus e os templos das divindades


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Deus ajoelhou-se aos pés da divindade,
Pediu-lhe toda a força que sua fé tivesse,
As pedras pesavam toneladas de vaidade,
Só movíveis com a força da humildade,
Pediu-lhe que homem humilde se fizesse,
Para construir-se do melhor que soubesse,
Bem assente que ficasse sobre a verdade;
Por um estranho momento,
Pareceu fazer-se claridade,
Da luz erguer-se-ia um monumento,
    Mas logo se levantou um obscuro vento,
         Que trouxe erosivas poeiras sem piedade!...

A divindade pediu mil homens capazes,
Fortes e humildes como só os escravos sabem ser,
De poucos sonhos e por ele dispostos a morrer,
Pediu mais mil capatazes,
E outros mil engenheiros audazes,
Exigiu as mais ricas pedras para escolher,
Mármores rosa em formas de perfeitos rapazes,
     E deusas de mármore esculpidas para não morrer…
E tudo morreu...
Menos o mármore sem vida!...

Não sabem as divindades que Deus deu,
A inocência à vergonha perseguida,
Decretam que Deus se escondeu,
Da maior derrota sofrida,
Pelo Filho que é seu,
Talvez sejas tu e eu,
    A luz e a luz da vida!...

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Rodeados por suas pedras amontoadas sem amor,
Divindades não vêm a Luz erguer-se em seu redor,
Crianças regam flores com um sorridente exemplo,
Deus sorri quando vê uma criança semear uma flor,
    E sorri ao vê-las crescer nos frios ermos do templo!...
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Raciocínio Globalizado


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Que se liberte o raciocínio perdido,
Ou impedido,
Pela manifestação do raciocínio activista,
E activismo sem sentido,
Sentido por qualquer insensato optimista,
Que parecendo um sensato pessimista,
Vende-se ao pensamento induzido,
     Por políticas de indução globalista!...

Um lápis afiado por um rabisco,
Nega Deus e nega o religioso direito,
Rasga o papel onde escrevera o respeito,
Deixando a vida do papel da vida em risco,
E com mais um rabisco de criminoso efeito,
Forja caricaturas sublimes de papas francisco,
Com lápis crucifica a verdade e a fé em Cristo,
E, nunca satisfeito,
Com o lápis de um mau gosto nunca visto,
Desenha a paz com um lápis suspeito,
E, já com o raciocínio desfeito,
Afia-se no plano previsto,
     Mata sem preconceito!...

Os rabiscos ganham vida,
Rabiscos morrem às mãos de Deus,
A fé na Vida nunca esteve tão perdida,
E é no raciocínio em rabiscada despedida,
     Que mais lápis se erguem nas mãos de Judeus!...

      
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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Não Veio Para Ficar


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Não veio para ficar,
    Janeiro!...
Do céu só pode nevar,
Há olhos frios no ar,
Dinheiro,
    Não veio para ficar!...
O álcool aquece até queimar,
Do último dia até ao primeiro,
Companheiro,
   Não veio para ficar!...
Mais um passageiro,
Vendido por inteiro,
E ainda por pagar;
Vem lá o mensageiro,
Emissário do despertar,
Do medo verdadeiro,
    Não veio para ficar!...

Sem medo de sorrir,
Há, de acordar a decência,
Há, de perder o medo, a consciência,
    Há, num Janeiro qualquer, de o medo partir,
Há, no fim da noite, de nascer um dia de desobediência,
  Sem medo do que não veio mas há, de estar para vir!...
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