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sábado, 14 de julho de 2018

Indiferença

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Indiferente,
Logo à nascença,
Da vida inconsciente,
O seu despertar aparente,
Em silêncio, destino e sentença,
Do seu próprio destino ausente,
Fortuna ou desdita, indiferença;
Fechado em si, se deixou ficar,
Num sono sereno, sem dormir,
Suspenso em seu voo sem voar,
Sem saber como o vento sentir,
Ou daquele estranho sono sair,
 Sem aprender a querer sonhar,
     Com o pranto ou um leve sorrir!...

E ali ficou,
Até que veio outra doença,
Doença indiferente que o abraçou,
Com ela veio a morte que quase o levou,
Nem a morte venceu sua indiferença,
     Indiferente, pouco lhe importou!...

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sábado, 3 de março de 2018

Lágrimas de Salgueiro ( e a Mimosa)

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Minhas lágrimas sobre mimosas,
Mimosas que nesse dia sorriram,
Sob minhas lágrimas sucumbiram,
Lágrimas envolventes, silenciosas,
Fugidas de meus olhos, perigosas,
O delicado amarelo delas cobriram,
Pelas lágrimas envolvidas, curiosas,
    Mais lágrimas sobre elas sentiram!...

Veio o frio triste e elas congelaram,
Congelaram suas lágrimas primeiro,
Tão verdes as mimosas de Fevereiro,
Tantas mimosas lágrimas dobraram,
Muitas, de tanta tristeza quebraram,
Outras floriram do amor verdadeiro;
À beira do rio, um solitário salgueiro,
A quem até o frio do amor roubaram,
     Sorria ao, da mimosa, sentir o cheiro!...

São frágeis as mimosas deste mundo,
Que ao frio do mundo sobreviveram,
Mimosas floriram do medo profundo,
Lágrimas se perderam num segundo,
    Durante séculos, lágrimas morreram!...

Beijam minhas lágrimas tua frágil cor,
Refloresces sem queixumes nem apelo,
Cobriram-te minhas lágrimas de calor,
  Minhas lágrimas que já foram de gelo,
     Sou velho salgueiro solitário de amor!...


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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ansiedade e Vómito

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Nada do que é teu me é novidade,
Nem do que de ti não sabes, nada sei,
É o cúmulo de amargos onde já cheguei,
Nada sobre os prazeres da tua ansiedade,
   É prazer amargo sobre o qual não passei!...

O grão seco de arroz, amargo e intragável,
A carne apodrecida lentamente mastigada,
Nojento este sabor de ansiedade lastimável,
O arrependimento insensato e incontestável,
   Lástima azeda desta maldita fome vomitada…

E o vómito em revolta,
O enjoativo desconforto,
No maldito vómito absorto,
A maldita reviravolta que volta,
Esse quase desejo de estar morto,
   E o desejo de matar a ânsia que se solta…

O soltar dos enigmas e das lágrimas com fartura,
Essas amargas lágrimas que se abraçam com amargura,
E se rendem à estranha maldição da aparente própria culpa,
Como se, perdidamente, renascessem beijos de desculpa,
  Beijo que não se evapora na esperança de ternura!...

Sobre teu coração carregas as culpas do mundo,
Tu que és puro coração sem o mundo saber,
Deixas que te bata esse erro tão profundo,
  De não saberes que é um erro rotundo,
  Confundir uma fêmea vazia do seu ser,
       Com uma Mulher de amor fecundo!...

Nem uma das tuas lágrimas caídas,
Caíram na tristeza que me abraça o coração,
Me entristece, por minhas certezas, em tuas certezas perdidas,
Tão tristes são as tuas tristes lágrimas sobre tuas feridas,
Mas… acredita que há sempre uma razão,
Para as dores da puta da desilusão,
Quando as virgens são fingidas,
     E serem putas é sua condição!...

Nada do mundo, me é novidade,
Nada do que me é, me deixa indiferente,
É tão igual à prostituída falsidade,
Da prostituição por caridade,
Tão inata ao consciente,
De fazer falsa amizade,
E um amor ausente,
 Nesta sociedade,
      Muito doente!...
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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

"Inconsolada", A Mulher de um Político

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São tuas preocupações,
Que, estampadas em meu rosto,
Entristecem em meus olhos o sol-posto,
És feliz em tuas longínquas funções,
E tão longe estão nossos corações,
E tão perto, este meu desgosto,
    Minhas secretas desilusões!...

Tão amante do teu sucesso,
Talvez tenhas tudo que querias ter,
São minhas noites claras, o amanhecer,
Com minhas negras olheiras te peço,
E deste meu despertar te confesso,
Quando regressares para me ver,
Também me podes foder,
    Antes do congresso!...

Poupo-te ao favor,
Do que não me sabes dar,
Escolheste outra família amar,
Sem olheiras, olhar de outra cor,
Pinto essas cores por cima da dor,
Para que o mundo possa acreditar,
Nessa tua vontade de me desejar,
Desejo público de fazer amor,
    Antes do comício acabar!...

Procuro em minha solidão,
O pai dos nossos filhos esquecidos,
Procuro votos, quero ganhar a eleição,
Sei que sou candidata à consignação,
E nossa família um pequeno Partido,
Onde nosso amor foi substituído,
Pela imagem sem coração,
Esse teu desejo perdido,
     Minha resignação!...
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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Tristes Trovas do Mundo Triste


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Que triste mundo este,
Da morte se faz festa,
Ainda mal nasceste,
E já nada te resta!...

Que triste vida esta,
No mundo se faz a morte,
Ninguém se manifesta,
Neste mundo sem sorte!...

Tristeza muito forte,
Toda esta tristeza,
Mundo sem fé nem norte,
Bem longe da beleza!..

Tão triste a crueza,
Deste mundo vazio,
Cheio de riqueza,
Em triste desvario!...

Água cega no rio,
Triste por ter de fugir,
Foge do coração frio,
    Sem olhos para sorrir!...

É tão triste não sentir,
A tristeza sentida,
Viver e não conseguir,
   Ver a vida perdida!...

De tudo esquecida,
Triste por em nada crer,
Esperança vencida,
Por esperança não ter!...

Só Deus nos pode valer,
Valha-nos o Seu amor,
Até Deus vemos morrer,
   Rezamos à nossa dor!...

Tão triste este horror,
Por onde caminhamos,
Caminho do Criador,
    Esse que renegamos!...

Nossas vidas amamos,
Com toda a nossa vida,
Vida que desprezamos,
     Neste mundo, perdida!...

A vida prometida,
Promessas de fartura,
Farta a fome de vida,
    Farta de amargura!...

A natureza pura,
Natureza perfeita,
Sua memória futura,
     Que o homem rejeita!...

A mentira enfeita,
A beleza sofrida,
A tristeza se deita,
     Na noite mal dormida!...

Triste esta ferida,
Tão aberta do nada,
 Sangra na despedida,
     Por tristeza criada!...

Triste e fustigada,
Pela humanidade,
Triste e indignada,
     Por triste maldade!...

Feito de saudade,
Chora o coração,
Vem a ansiedade,
     E toda a emoção!...

É rezada a oração,
É Deus a esperança,
Amor, conforto e pão,
   Caridade e bonança!...

Mas, se nem Deus resiste,
Á tristeza do mundo,
Também Deus está triste,
    P’lo amor infecundo!...

Entristecer profundo,
Tristeza de sentir dó,
Tão triste o Ser imundo,
     Reduzido ao triste pó!...

É tão triste ser triste,
Tão triste por nada ser,
Sentir que não resiste,
   Á certeza de morrer!...

É o medo de sofrer,
Triste efeito dominó,
Nasce o neto sem avó,
     Morrem filhos sem querer!...

Chega o anoitecer,
Chega o pesadelo,
Triste dia o de saber,
    Da morte sem apelo!...
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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Loucura da Morte Gravitacional

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Pela madrugada, logo a seguir ao almoço,
Levava consigo as pintas da cadelita que deixara na cama,
Gravitavam essas pintas até à boca dourada do velho poço,
Boca de um laço dourada onde se enlaçara, era ainda moço,
Profundo e cheio de céu com as cores da natureza humana,
Essa doce loucura que é amor e o amor de terna porcelana,
Onde pode ser servida a relatividade de um beijo insosso,
E a quebra prometida e jurada desde a carne até ao osso;
Uma brisa salgada acariciava a fina ideia de um pijama,
   Tão fina como a marca que lhe tatuara o pescoço,
E o momento nu em suspensão,
Na mesma madrugada que todos os dias se diluía,
O mar de sangue em ondulação,
Emquanto se afogava a emoção,
Todas as madrugadas e todo o amor se extinguia,
Pela madrugada, logo a seguir ao almoço, triste e fria,
Fibras de cánhamo, talvez refeição,
A corda e o laço apertado da rejeição,
De toda a luz do universo à mais ínfima luz sombria,
O último olhar da cadelita, em vão,
E cada pinta sua que à sua volta se desvanecia,
E por cada pinta, cada pinta permanecia,
No alinhamento do fim da sua ilusão,
As pintas, a memória vazia,
O vazio morto do coração,
Todo o amor que se ia,
E amorte da razão,
Ainda nesse dia,
    De contrição!...

Pela madrugada, logo a seguir à traição,
A pequena cadelita e os seus latidos,
Com suas pintas e seus gemidos,
E os gemidos de outra paixão,
Loucamente perdidos,
Fim louco da relação,
Últimos momentos vividos,
O sangue e a corda em sua mão,
  Pela loucura da morte unidos!...
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sábado, 31 de dezembro de 2016

Fim do Fim

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Este fim,
Tão prestes a ser fim,
É o fim de muitos sonhos,
É o fim de desejos medonhos,
O princípio de tudo que há em mim,
O triste fim dos sorrisos tristonhos,
Dos velhos sorrisos assim, assim,
E dos tristes “assins” risonhos!...

Mas... não tenham ilusões,
Que o pior dos fins está para vir,
Há um fim que teima em não parar de rir,
Ri-se do princípio de todas as ambições,
Até ao fim, alguns não vão conseguir,
Serão vencidos pelas tradições,
E pelas mais velhas emoções,
Ás quais não vão resistir,
     E eis novas desilusões!...

Este é o fim do do dinheiro,
O fim de muita vendida certeza,
É o princípio novo da beleza,
Que teve um fim certeiro,
O fim de toda a riqueza,
 Desumana por inteiro!...
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