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quinta-feira, 8 de março de 2018

Saudade de uma Mulher

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Tão triste é esta minha vida tão vazia,
Já fora muito amarga e desconsolada,
Tão sua mulher, eu mulher me sentia,
Quando todos os santos dias me batia,
Meu marido que tanto me esmurrava,
Tantos pontapés meu homem me dava,
Ser sua mulher era tudo que eu queria,
Era a minha existência ser sua escrava,
Sentir que era só por ele que eu existia,
    E por cada murro com que me marcava!...

Agora, todas as agressões acabaram,
Foi meu homem proibido de me bater,
Muitas mulheres livres me abraçaram,
Vieram olhos limpos que me beijaram;
Meu marido já de mim não quer saber,
Tão vazia de tudo, já não sei que fazer,
Nem sequer me bate, tudo me tiraram,
    Sem maus tratos já não sei como viver!...

Saudade!... Sentir falta da dor no coração,
Sentir na alma o ódio de querer viver,
Saudade do desejo de o ver morrer,
E desse desejo forte, a razão,
    Razão que deixei de ter!...


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sábado, 15 de julho de 2017

Sorriso e o Silêncio


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O silêncio, já farto de viver,
Em seu silêncio vai vivendo,
Vive em silêncio até morrer,
    E em silêncio vai morrendo!...

Em silêncio avança a morte,
Em silêncio esvanece a vida,
O silêncio faz-se mais forte,
   No silêncio da cor perdida!...

O traço, o desenho, o sorriso,
A linha e o silêncio, partindo,
Desmaio do silêncio indeciso;

Talvez volte o sorriso, luzindo,
Talvez volte o silêncio preciso,
     Que em silêncio volta sorrindo!...



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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Dor de Amor

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Dói esta minha dor não partilhada,
Esta dor egoísta que tanto magoa,
Dói a perda desta dor encontrada,
É a minha esperança que se acaba,
Para que o teu amor em ti não doa,
 Será tão só minha a tua dor amada,
    Dor que no meu amor se amontoa!...

Fui escolhido para amar, sem saber,
Que o amar também pode ser dor,
Dói o sorriso que em ti eu posso ler,
 O livro só meu proibido de escrever,
Onde oculto tuas palavras de amor,
     Numa página que não pára de doer!...

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Todos os dias têm as horas contadas,
As semanas são contas pagas ao mês,
Os anos não hesitam que, por sua vez,
Deixam atrás, dívidas nunca saldadas,
Ficam para os próximos anos adiadas,
E logo passa o amor com tanta rapidez,
Que há livros d’amor a serem rasgados,
   Por quem pelo amor próprio pouco fez!...
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domingo, 13 de novembro de 2016

Tempo do Silêncio e das Folhas

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Vejo as minhas velhas folhas caírem,
Em cada folha a queda de um desejo,
Em cada desejo, o adeus de sentirem,
    As tuas caídas folhas que só eu vejo!...

São as folhas que o tempo amontoa,
Amontoadas pelo tempo que passa,
Folhas a quem o tempo não perdoa,
A cada folha que o tempo desfaça!...

É folha a quem o tempo não perdoa,
Como se fosse culpada de ter nascido,
Folha que por si cai e por cair não voa;

Voam velhas folhas por terem caído,
Voa o silêncio que pelo tempo entoa,
    Desfolhado no silêncio por ter vivido!...
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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Silêncio das Palavras Verdadeiras






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Bem guardadas,
Tesouros irreveláveis,
Á espera de serem articuladas,
Algumas, são por muitos veneradas,
Proferidas por seus donos pouco fiáveis,
Escravos delas e tal como elas articuláveis,
Por aí à solta, de boca em boca libertadas,
Bem acolhidas, por outros insuportáveis,
Pela ligeireza da bífida língua fustigadas,
Á mentira e à verdade indispensáveis,
Doces e leves, amargas e pesadas,
 Alívio, ou doem como pedradas,
São de amor ou detestáveis,
      Só ao silêncio confiadas!...   


E é em silêncio que devem ser ouvidas,
Escutadas com ouvidos livres de asneiras,
Que não sejam muitas delas confundidas,
   Com o silêncio das palavras verdadeiras!...
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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A Árvore Branca e o Abraço Branco da Neve


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Eu era a única árvore branca do arvoredo,
Até à tranquilidade fria do dia em que nevou,
A frieza branca da neve, minha brancura levou,
Tanta é a brancura de gelo a gelar-me de medo,
Agora tudo é branco e já não sei o que sou!..

Vou desaparecendo e não me reconheço,
Sou envolvida no abraço frio deste manto,
Sinto-lhe o frio em meus braços e arrefeço,
É por tão serena brancura que eu escureço,
Sinto desvanecer-se meu olhar tão branco,
    E vendada pelo branco silêncio, adormeço!...

Depois, permite a brancura sonhar,
Sonhar que frescas lágrimas cintilantes,
Brilham ao longo do meu fresco despertar,
Derrete-se o manto branco ao sol a chegar,
Sou a única árvore branca como era antes,
     Feliz pela neve que volta para me abraçar!...
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Anuência do Fim do Mundo - Silêncio da Culpa e da Inocência


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Crianças desfilam em passadeiras rendadas,
Despidas da inocência até às rendas adultas das ligas,
O adultério embuçado de silêncio não lhes diz que foram violadas,
Transformando-as em sombra de silenciosas filhas envergonhadas,
Ainda antes que o sol despontasse nos olhos das jovens raparigas!...
Os pais anoiteciam no segredo do ciúme, demasiado cedo,
Mães, entregavam-se às noites da vergonha e do medo,
O silêncio da noite contava às filhas histórias antigas,
Histórias que se escondiam no silêncio das amigas,
E das lágrimas agrilhoadas ao mudo segredo,
     Atrás dos gritos das palavras amordaçadas!...
Hoje, já mulheres desesperadas,
As crianças continuam a desfilar,
Pais pagam para as namorar,
Mães são desprezadas,
   E proibidas de falar!...

Os pequenos lábios vermelhos desfilam, sensuais,
Insinuam-se os olhares perdidos nas cores do pecado,
Os aplausos entrelaçam-se em nós de laços carnais,
E antes que as crianças possam crescer mais,
   Já suas virgindades têm o destino traçado,
Com a anuência destes tempos brutais,
       Num banal espectáculo desgraçado!...
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Nostalgia da Culpa e da Inocência


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Em estado latente de nostalgia,
De alma ao abandono no olhar,
Via as horas dos sonhos flutuar,
Só Deus, de sua memória sabia,
Confessara seu silêncio, um dia,
Silêncio onde se recolheu a orar,
Só, a Deus, só seu silêncio pedia,
    Para só o seu silêncio confessar!...

No silêncio de sua pura inocência,
Onde a sua culpa se foi perdendo,
Confiou em Deus e sua clemência,
 Concílio da Alma e sua consciência,
Felicidade e silêncio acontecendo!...

    
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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Sereníssimo Reflexo






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O azul suavíssimo,
A beleza e a suavidade,
Algum movimento levíssimo,
O olhar sereno e toda a serenidade,
Reflexo ondulante do espelho finíssimo,
A inquietude efémera da água e a vaidade,
O suavizar das ondas do rosto e da idade,
A ternura do olhar e o sorriso lindíssimo,
   Melancolia, uma lágrima e a saudade!...

A delicadeza do silêncio em movimento,
Leve sopro delicado e pela brisa enlevado,
Repouso dos cabelos indiferentes ao vento
O sorriso continuado num adocicar lento,
A tentação de um beijo adoçado,
Beijo irreprimível e molhado,
   O aproximar sonolento…

Os olhos abertos como janelas,
Um suspiro leve e o abrir de portas,
Outra lágrima que pinga com mil cautelas,
    E adormece no ondular das águas mortas!...
   
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